Manifestação nacional convocada para dias antes do aniversário do golpe de 1964 também destaca solidariedade ao povo palestino e cobra justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes
São Paulo – Às vésperas de completar um mês do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que aglutinou diversas bandeiras antidemocráticas, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e organizações sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), vão às ruas no próximo sábado (23) em defesa da democracia. As manifestações, que vão ocupar todo o país, são uma resposta ao pedido de anistia de Bolsonaro.
O ato exigirá que não seja concedida anistia aos golpistas, reforçando o compromisso com a justiça e a responsabilização por quaisquer violações à ordem democrática. Ontem (15), o PT se uniu às frentes populares para também cobrar punição dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Além disso, a Polícia Federal vem mostrando que a trama golpista para impedir a aposse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolveu diretamente Bolsonaro, que teria participado de discussões sobre a elaboração e conteúdo de uma minuta golpista.
Em 25 de fevereiro, o ex-presidente pediu anistia aos golpistas. O que, nas palavras de Lula, mostrou sua confissão no crime. “Quando o cidadão lá pede anistia, ele tá dizendo: ‘Não, perdoe os golpistas’. Tá confessando o crime”, afirmou o petista. Os atos de resposta ao bolsonarismo também ocorrerão às vésperas do aniversário de 60 anos do golpe civil-militar de 1964, em 1º de abril.
Sessenta anos do golpe
“Nós, da esquerda brasileira, não vamos aceitar esse pedido de anistia. É um absurdo, porque os crimes que eles cometeram, quando estavam no governo, tanto quanto já estavam fora, foram gravíssimos, do ponto de vista jurídico e político”, afirmou João Paulo Rodrigues, liderança do MST. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele destacou, ao defender a manifestação no dia 23, que anistia aos golpistas do 8 de janeiro, no ano que marca seis décadas do golpe, mostraria que o país não aprendeu nada com o perdão concedido aos militares em 1979.
“A anistia brasileira não colocou o debate de um novo projeto das Forças Armadas. E, pelo contrário, 30 anos depois permitiu que os bolsonaristas ocupassem da estrutura das Forças Armadas e tentassem novamente um golpe”, advertiu.
O ato progressista também afirma solidariedade internacional e preocupação com os direitos humanos, em especial com o genocídio em curso na Palestina. O protesto vem sendo preparado desde os atos do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e que na última quinta-feira (14) homenageou a vereadora Marielle Franco, assassinada há seis anos.
Ato em Brasília
Em Brasília, onde a manifestação já foi confirmada para ocorrer em frente à Funarte, a partir das 16h, movimentos também protestam contra a gestão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), na saúde. “O descaso está explícito com o número alarmante dos casos de dengue e a má gestão dos recursos e equipamentos públicos tanto para prevenir quanto para tratar a saúde do povo do DF”, afirmam os organizadores. Eles também criticam os projetos de privatização do governador.
“Ibaneis quer privatizar a água, um bem essencial à vida e que precisa ser cuidado com muita responsabilidade, mas está na mira privatista de Ibaneis a Caesb, assim como a Rodoviária do Plano Piloto e os estacionamentos da região central de Brasília”, contestam.